CARTAO AUXILIO CATADOR NA SOCRELP FOTOS: TIAGO STILLE/ GOV. DO CEARA TAGS: CATADORES, CARTAO AUXILIO CATADOR, MATERIAL RECICLAVEL, SUSTENTABILIDADE, LIXO

Coletar, separar e destinar para a reciclagem. Essa é a rotina de centenas de cearenses que levam o sustento para dentro de casa através dos resíduos sólidos produzidos pela sociedade. Para muitos, um trabalho sem glamour e relevância. Mas, para quem o faz, motivo de brio.

“Tenho bastante orgulho de ser catadora. Criei uma filha que tem 23 anos às custas daqui e hoje estou criando os meus netos. Sou grata e não troco meu serviço por outro”, afirma Ana Cláudia Oliveira, 46 anos, que sempre trabalhou com a reciclagem.

“Às vezes vem alguma coisa que gosto e levo para casa, higienizo e coloco como enfeite. Minha filha até brinca: ‘mãe, veio do lixo’. E eu digo – ‘sua mãe é lixeira, minha filha’”, comenta Ana Cláudia orgulhosa da função que desempenha há vários anos.

Ana Cláudia de Oliveira está entre os 1.342 catadores e catadoras atendidos este ano com a seis parcelas do auxílio catador, criado de forma emergencial em 2020 para diminuir o impacto da pandemia do novo coronavírus a esses homens e mulheres que trabalham diariamente com o lixo. Ela conta que, mesmo com as ajudas que chegaram durante a pandemia, era preciso complementar por fora para que não faltasse o essencial dentro de casa.

“Esse auxílio me ajudou muito lá em casa. Tenho uma filha que não trabalha e é mãe solteira igual a mim. Criou-se uma crise, vieram as doações, mas faltavam alguns suplementos. Então, foi muito bem-vindo”, disse.

Agora, a expectativa de Ana Cláudia é para que o auxílio se torne permanente, não só para complementar a renda familiar, mas também como reconhecimento pelo trabalho feito por ela e seus companheiros de profissão.

“A gente não é reconhecido pelo que fazemos. Isso aqui (o lixo) vem de fora. Tratamos de limpar o meio ambiente, separar os materiais”, relata a catadora sobre sua rotina de trabalho e função dentro da sociedade.

Outro que tem histórico parecido é Francisco das Chagas. Há 12 anos ele faz parte da Sociedade Comunitária de Reciclagem de Resíduos Sólidos do Pirambu (Socrelp). Aos 41 anos de vida, ele aguarda ver o trabalho da categoria valorizado com o reconhecimento do Governo do Ceará.

“Estamos aqui contribuindo para o meio ambiente e o bem-estar das pessoas. Para nós vai ser muito gratificante”, ressaltou Francisco, que atua como motorista na instituição recolhendo o material separado na coleta seletiva feita em empresas privadas, órgãos públicos, condomínios e residências.

Francisco comentou o perrengue que foi durante a pandemia até chegar o auxílio.

“Veio o pânico. Ficamos sem chão, tudo parado. O que é que a gente vai fazer?”, perguntou-se ao buscar alternativas para superar as dificuldades. Para ele, o auxílio “foi muito bem pensado”. “Chegou na hora certa. Com esse valor a gente consegue pagar uma água, uma luz, comprar uma alimentação melhor para nossas famílias. Precisamos que isso se torne permanente, porque vai ser uma ajuda muito boa para a gente”, reforçou.

Gratidão a caminho

Reconhecer esse trabalho importante para o meio ambiente e para as cidades é o intuito do Governo do Ceará com o Projeto de Lei que foi enviado à Assembleia Legislativa, na última semana, para transformar em política pública permanente o pagamento do auxílio catador. A mensagem está passando pelos trâmites legais no Legislativo para que seja posto em deliberação.

Para o governador Camilo Santana, com a iniciativa de tornar a medida assistencial permanente, o Ceará demonstra retribuir o serviço prestado por essas pessoas. 

“O catador merece todo o nosso reconhecimento e valorização do seu trabalho. Esse programa é um reconhecimento a eles pelo papel e contribuição que têm dado à sociedade e ao meio ambiente”, enfatizou o chefe do Executivo estadual. O valor mensal corresponde a 1/4 do salário mínimo (R$ 261,25).

Para Janete Cabral, presidente da Socrelp, caso o Projeto de Lei encaminhado pelo Governo do Ceará seja aprovado pelos deputados estaduais, os catadores se sentirão reconhecidos e terão uma complementação de renda importante nesse momento.

“A gente tem uma média de R$ 550 a R$ 600 por mês. Não estamos 100% nas nossas coletas, pois muitos locais ainda estão fechados. Tudo que vem para nós é bem-vindo. Hoje, esse dinheiro está vindo em boa hora. Se isso ficar permanente, será bom, porque, apesar de a gente fazer um trabalho que é de ponta, pois tudo começa com a gente, não temos a valorização que deveríamos”, afirmou Janete.

(*)com informação do Governo do Estado do Ceará