Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha mostrou que cresceu o apoio da população a ideias identificadas com a esquerda do espectro político. Esse fato sobrepujou o avanço de algumas posições conservadoras, típicas da direita. O resultado foi uma leve movimentação do perfil ideológico do brasileiro para a esquerda, retomando a situação de equilíbrio entre os dois polos.

As perguntas elaboradas buscam demarcar as diferenças entre convicções associadas à direita e à esquerda, em temas econômicos e comportamentais. Com base nas respostas, os eleitores são agrupados em uma das cinco posições da escala ideológica (esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e direita).

Na comparação com o levantamento anterior, feito em setembro de 2014, nota-se uma maior sensibilização do brasileiro a questões que envolvem a igualdade, possível reflexo da crise econômica e do alto desemprego que atingem o Brasil nos últimos anos.

Subiu, por exemplo, de 58% para 77% a parcela que acredita que a pobreza está relacionada à falta de oportunidades iguais para todos. Já aquele que crêem que a pobreza é fruto da preguiça para trabalhar caiu de 37% para 21%.

No mesmo campo de ideias, cresceram a tolerância à homossexualidade (64% para 74%), a aceitação de migrantes pobres (63% para 70%) e a rejeição à pena de morte (52% para 55%).

No campo comportamental também são nítidos, ainda que insuficientes para compensar o avanço das ideias mais relacionadas à esquerda, alguns movimentos de conotação conservadora.

É o caso do direito do cidadão de possuir uma arma legalizada, defendido agora por 43% da população (em 2014, era por 35%). A opinião contrária ainda predomina, mas registrou declínio (de 62% para 55%).

Com relação às drogas, a opinião média nacional se manteve estável –dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Prevalece a ampla defesa da proibição (82% para atuais 80%).
Já na seara econômica percebe-se uma relativa estabilidade entre os grupos ideológicos, mas com movimentos contraditórios.

A maioria quer pagar menos impostos (51%) e depender menos do governo (54%), posições comumente associadas à direita. Contudo considera que o Estado deve ser o principal responsável por fazer a economia crescer (76%).

DIREITA CAI, ESQUERDA SOBE

A alta nas opiniões de viés mais progressista reverteu a vantagem, constatada em 2014, da direita sobre a esquerda. Os dois grupos voltam agora ao empate técnico.

No somatório, direita e centro-direita representam 40% da população. Na pesquisa anterior eram 45%. Já a soma de esquerda e centro-esquerda aumentou de 35% para os atuais 41%. O centro manteve-se com 20%.

Um ano após o impeachment de Dilma Rousseff, a pesquisa põe em dúvida a hipótese de que a direita teria se beneficiado do declínio petista e do desgaste sofrido por algumas das principais lideranças do partido.

O instituto fez 2.771 entrevistas de 21 a 23 de junho.

Com informações Folha de S. Paulo