De acordo com uma pesquisa do Instituto Trata Brasil, pelo menos, 4,4 milhões de pessoas poderiam estar conectadas à rede de esgotamento sanitário no Brasil, mas não estão. E o fazem por circunstâncias variadas. Alguns não querem pagar a tarifa do serviço, outros são resistentes a mexer na estrutura da casa e também há quem reclame da falta de dinheiro para fazer a conexão. Na prática, continuam usando fossas enquanto a rede fica ociosa em frente às casas.

A situação criou um grande paradoxo no setor – que conta com poucos investimentos e uma rede insuficiente para atender a população. Com a entrada de concessionárias privadas no setor, o assunto ficou mais latente, uma vez que as empresas têm metas de universalização e taxas de retornos de investimentos a cumprir. A maioria tem feito programas de conscientização para convencer os moradores a aderir à rede.

“Quando entramos e assumimos o sistema, encontramos redes com problemas de manutenção, unidades precisando de reformas e a dificuldade de adesão dos moradores”, afirma o diretor operacional do grupo Águas do Brasil, Leonardo Righetto. Segundo ele, o primeiro trabalho foi se aproximar do cliente e explicar os benefícios de estar conectado à rede, especialmente do ponto de vista de saúde pública.

Essa também tem sido a estratégia da BRK Ambiental (ex-Odebrecht Ambiental). A empresa atende a zona oeste do Rio de Janeiro, uma região com ocupação desordenada, cuja meta de universalização de coleta de esgoto é 2037. Segundo o diretor da empresa, Sinval Andrade, 40% da população não está conectada ao sistema. “Por lei, a responsabilidade de se conectar à rede é do morador, e isso custa dinheiro, entre R$ 200 e R$ 1 mil.”

Regras

Para forçar a população a se conectar, os governos estão criando regras para multar quem não faz a ligação. Em algumas prefeituras, se a rede passa na frente da residência, o morador paga a taxa de serviços estando ou não conectado. O presidente da Iguá (ex-CAB Ambiental), Gustavo Guimarães, afirma que a não adesão ao sistema é geral e não atinge apenas a baixa renda. “Moradores de alta renda não se conectam e continuam com fossa”, disse.

Com informações do jornal O Estado de São Paulo