A Procuradoria-Geral da República pediu a Polícia Federal, nessa terça-feira, 23, que abra inquérito para investigar a conduta do coronel da reserva do Exército, Carlos Alves, que, em vídeo publicado no Youtube, xingou a ministra Rosa Weber, presidente do Tribunal Superior Federal (TSE) de “corrupta”.
A determinação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, é uma resposta à Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que, por unanimidade, decidiu nessa terça-feira pedir que a Procuradoria apurasse o caso. Para a Procuradoria, o coronel da reserva pode ter incorrido nos crimes de calúnia, difamação, injúria e ameaça.
“Neste grave contexto de ofensa às Instituições democráticas e a seus integrantes, notadamente ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral, também vislumbro a caracterização, em tese, do crime de ameaça aos Ministros dessas Cortes, principalmente à ministra presidente do Tribunal Superior Eleitoral, além de outras pessoas referidas no citado vídeo”, escreve Dodge no pedido à Polícia Federal.
A fala de Carlos Alves foi publicada aparentemente na segunda-feira, 22. O Exército confirmou que Alves é coronel da reserva e disse que o comandante da instituição, o General Villas Bôas, pediu ao Ministério Público Militar que investigue se houve “o cometimento de possível ilegalidade” nas declarações de Alves.
“O referido militar afronta diversas autoridades e deve assumir as responsabilidades por suas declarações, as quais não representam o pensamento do Exército Brasileiro”, diz nota enviada pelo Centro de Comunicação Social do Exército.
No vídeo, o coronel critica o fato de Rosa Weber, na condição de presidente do TSE, ter se reunido com representantes do PT que foram ao tribunal pedir providências na ação movida pelo partido contra o suposto esquema ilegal para beneficiar o candidato adversário Jair Bolsonaro (PSL) por meio do envio em massa de mensagens pelo WhatsApp.
“E esta salafrária, esta corrupta, essa ministra corrupta e incompetente. Se ela fosse uma mulher séria, se ela fosse uma mulher patriótica, se ela não devesse nada pra ninguém, ela nem receberia essa cambada no TSE”, diz Alves, no vídeo.
A ação do PT contra a campanha de Bolsonaro foi motivada por reportagem do Jornal Folha de São Paulo que apontou que empresas e empresários estariam comprando pacotes de envio em massa de mensagens contra o candidato do PT pelo WhatsApp, com o objetivo de favorecer Bolsonaro. A prática é vedada pela lei eleitoral.
Bolsonaro afirmou não ter conhecimento de qualquer irregularidade na campanha e disse desconhecer os fatos apontados pela Jornal Folha de São Paulo. No vídeo, Carlos Alves fala, se dirigindo à ministra, que ela “não se atreva” a dar seguimento à ação da campanha do PT contra Bolsonaro.
“Olhe aqui Rosa Weber, eu vou te falar uma coisa aqui, TSE e Supremo Tribunal Federal, primeiro que eu falo mesmo não tenho medo de vocês não tenho medo de ninguém. Eu já falei uma vez, já falei duas, falo dez mil vezes e hoje eu estou autorizado a dar uma informação pra vocês”, diz o coronel da reserva.
“Não te atreve, não te atreve a ousar aceitar esta afronta contra o povo brasileiro, esta proposta indecente do PT de querer tirar Bolsonaro do pleito eleitoral acusando-o de desonestidade, acusando-o de ser cúmplice numa campanha criminosa, bilionária e fraudulenta com o WhatsApp para promover notícias falsas”, afirma Alves, no vídeo.
Em outro trecho, ele afirma que integrantes das Forças Armadas poderão “derrubar” o TSE caso o tribunal emita decisão contrária a Bolsonaro. “E como eu, outros coronéis, generais, comandantes da Marinha, brigadeiros, almirantes, nós não aceitaremos fraude, Rosa Weber”, disse o coronel.
“Primeiro, se você aceitar essa denúncia ridícula e tentar tirar Bolsonaro por crime eleitoral, nós vamos derrubar vocês aí sim, porque aí, acabou”, afirmou Alves.
Com informações do Portal Uol Notícias