19 Apr 2013, Bern, Switzerland --- Persons Hand removing Franken Notes from a Bankomat, Bern Switzerland --- Image by © Paul Mayall/dpa/Corbis

Algumas linhas de crédito oferecidas pelos bancos aos consumidores estão ficando mais caras e não mais baratas, ao contrário da expectativa criada pela redução da taxa básica de juros da economia pelo Banco Central, iniciada em outubro de 2016.

Desde então, o BC reduziu a taxa Selic de 14,25% para 10,25% ao ano. A expectativa dos economistas é que ela chegue ao fim do ano perto de 8,5%, de acordo com as projeções reunidas pelo Banco Central no boletim Focus.

No entanto, o custo médio do crédito pessoal cresceu 3,4 pontos percentuais entre abril e maio, segundo dados do BC. Tomar um empréstimo agora custa 132,6% ao ano para pessoas físicas, em média.

A taxa é mais cara do que a registrada em maio do ano passado, quando a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo, a recessão econômica ainda estava se aprofundando e as taxas de desemprego continuavam subindo.

Também aumentou o juro para quem quiser renegociar suas dívidas. Essa linha é oferecida a clientes que acumulam dívidas com cheque especial, cartão de crédito e outros produtos, permitindo que eles quitem esses débitos assumindo um novo empréstimo com prazo mais longo, às vezes com algum desconto.

Para analistas, o aumento dos juros do crédito pessoal e da linha para renegociação de dívidas é explicado pelo mesmo motivo: o risco de calotes não diminuiu com os sinais de que o país está saindo da recessão, e clientes que continuam acessando essas linhas oferecem risco maior de não pagar o que devem.

“A forma que o banco tem de renegociar a dívida é salgando mais”, afirma Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings. “O banco percebe fadiga do cliente, e essa decisão não segue muito na dinâmica da queda da Selic.”

Para Claudio Gallina, da agência de classificação de riscos Fitch, a perspectiva para a economia ainda é negativa e isso se reflete nas taxas cobradas pelos bancos. Se o risco de inadimplência ainda cresce, os bancos precisam aumentar suas reservas para cobrir potenciais calotes, o que encarece o crédito.

Isso explica por que os juros podem subir mesmo num momento em que o custo do dinheiro para os bancos cai.

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) diz que, além disso, os impostos cobrados em transações financeiras encarecem o crédito e impedem o repasse da redução da Selic para o consumidor.

A taxa de juros média cobrada em empréstimos concedidos a pessoas, no entanto, está caindo, puxada pela redução dos juros do cartão de crédito. Desde abril, quando entraram em vigor novas regras para os cartões, nenhum banco pode deixar um cliente mais de um mês no rotativo –a linha com as maiores taxas de juros e também o maior índice de calotes do sistema financeiro do país.

Considerados todos os empréstimos para pessoas físicas, o percentual de atrasos acima de 90 dias subiu para 5,9%, ante 5,8% registrados em abril. Há um ano, os calotes representavam 6,3% do total de empréstimos.

A inadimplência do crédito renegociado aumentou, mas no crédito pessoal ela segue em trajetória de queda.

Compesação

Quando os bancos anunciaram a redução dos juros do cartão, por causa das novas regras do rotativo, especialistas indicaram que outras linhas de crédito poderiam encarecer como compensação.

Gallina não crê nessa hipótese. “Não é intencional”, disse. “Se as pessoas estivessem pagando normalmente, não estariam renegociando. [A alta dos juros do crédito pessoal] pode compensar por questão estrutural de momento.”

Com informações Folha de S. Paulo