Ex-governador do Ceará por três mandatos e sempre de olho no sentimento popular, o presidente interino da Executiva Nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, não quer mais perder tempo e, com base nas pesquisas de opinião pública, defende que os tucanos saiam da base de apoio ao Governo do presidente Michel Temer. A posição de Tasso contraria o senador Aécio Neves (MG), defensor da permanência do PSDB no Palácio do Planalto.
Tasso sente o patrimônio do PSDB – a boa inserção política e eleitoral conquistada pelo partido, se desmanchando após a sigla se vincular com ao PMDB e assumir o ônus do desgaste imposto ao presidente Michel Temer com as investigações da Operação Lava Jato. As investigações culminaram com a denúncia pela Procuradoria Geral da República do presidente Temer por crime de corrupção passiva.
Preocupado com os desdobramentos desse cenário político que pode se tornar ainda mais adverso para o PSDB, o senador Tasso Jereissati admitiu, nessa quarta-feira, que é crescente o movimento de “desembarque” da sigla do governo de Michel Temer. “A posição do partido é cada vez mais clara. Não dá para controlar, as coisas vão acontecendo”, afirmou o senador cearense.
De acordo com Tasso, um dos principais defensores de que sejam devolvidos cargos e ministérios ao Palácio do Planalto, a tendência de saída do governo é crescente. “O posicionamento é por desembarque, não de oposição ao governo”, observou, ao dizer que um dos sinais nesse sentido é o movimento dos deputados federais do PSDB que integram a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que irá definir o futuro da denúncia do procurador Rodrigo Janot contra Michel Temer. “A grande maioria já está se posicionando”, observou o tucano.
O STF (Supremo Tribunal Federal) só poderá analisar a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer, que o acusa de ter cometido crime de corrupção passiva, se houver uma autorização prévia da Câmara dos Deputados. O caso será analisado pela CCJ da Casa e, posteriormente, pelo plenário, onde são necessários 342 votos para que o processo tenha sequência.
Pela contagem dos tucanos, a bancada da Câmara tem maioria pró-recebimento da denúncia: entre 5 ou 6 votos, enquanto apenas um ou dois deputados do partido pretende votar de forma contrária.
Nas conversas, Tasso e outros senadores foram incisivos para que o partido deixe o governo. Apenas o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), defendeu a permanência. De acordo com os presentes, Aécio falou apenas em “unidade” do partido. Tasso, que avalia que Aécio não demonstra vontade de desembarque, pondera, contudo, que ele terá de orientar os tucanos. “Unidade é uma coisa, unanimidade é impossível”, disse.