Com pesquisas em mãos e com números que mostram o desgaste do PSDB após o episódio envolvendo o senador Aécio Neves e o ônus da vinculação com o Governo Michel Temer, o senador Tasso Jereissati começa a se articular para salvar o partido com ações que tenham o engajamento de parlamentares, lideranças estaduais e municipais da sigla.

O Jornal O Globo revela, nesta quarta-feira (2), no Blog da jornalista Lydia Medeiros, que começa a ser esboçado o Movimento Mário Covas como um dos caminhos para refundação do PSDB. O movimento, em homenagem a um dos principais nomes que fundaram a sigla no final dos anos 80, terá como um dos líderes, segundo a jornalista de O Globo, o senador cearense Tasso Jereissati.

Segundo, ainda, a informação do Blog, ‘’não se trata de um novo partido, mas de um movimento interno, que prega a reconstrução da legenda, com uma culpa pelos malfeitos e renovação da agenda, estacionada na defesa da estabilidade econômica’’.  Tasso é um dos tucanos mais descontentes hoje no PSDB e, no mês de maio, assumiu interinamente a Presidência da Executiva Nacional após o senador Aécio Neves ser afastado das atividades no Senado e do comando nacional do partido.

Aécio foi denunciado na Operação Lava Jato, reassumiu, por decisão do STF, o mandato no Senado, mas permaneceu afastado da Presidência do PSDB. Há poucos dias, o tucano comunicou aos dirigentes nacionais que, no mês de agosto, deixaria, em definitivo, o comando nacional da sigla. Com esse gesto, Tasso surgiu como o principal nome para sucedê-lo.

Em meio ao debate sobre a sucessão na direção nacional, o governador de Goiás, Marconi Perillo, se lançou pré-candidato a presidente da Executiva Nacional e saiu em defesa do Governo Temer. Na mesma linha, Aécio Neves avançou, no último final de semana, em articulações para fortalecer ainda mais os vínculos tucanos com o Palácio do Planalto e trabalhou com deputados federais do PSDB de Minas Gerais para evitar que, nesta quarta-feira, seja aprovada a abertura de processo por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer.

Aécio se reuniu com Temer e gerou mal estar com o senador Tasso Jereissati que se sentiu, na condição de presidente interino do partido, atropelado. O ambiente retratou a primeira grande crise interna no PSDB e Tasso decidiu entregar o cargo de presidente ao mineiro Aécio Neves, com a seguinte expressão: “Entregando [o cargo], ele é o presidente. Faz o que quer. Ele assume e toma as decisões”, disse Tasso, referindo-se ao senador Aécio Neves. O desfecho da votação da denúncia contra o presidente Temer dará um novo desfecho na crise interna do PSDB.