Fragilizado no cenário nacional e esvaziado nos Estados, a exemplo do que acontece no Ceará e com poucas perspectivas de recuperar terreno nas eleições municipais de 2024, o PSDB tenta encontrar um caminho para sobreviver e, nesse cenário, o ex-senador Tasso Jereissati tem um diagnóstico que retrata o fim de um ciclo.

Segundo Tasso, que é um dos fundadores do PSDB, o partido se descaracterizou e entrou em declínio pela falta de renovação. O ex-senador tucano afirma, ainda, em entrevista ao Jornal O Globo, que o PSDB perdeu a “cara” e se “descaracterizou” ao longo das últimas eleições.

‘’A outra razão é justamente a posição de aderir a governo em função de cargos. Isso esvaziou o PSDB e cresceram esses partidos que são mais politicamente nessa linha’’
Senador Tasso Jereissati


Tasso, que exerceu três mandatos de governador e dois mandatos de senador, continua ativo nos bastidores políticos e, ao ser questionado sobre os erros cometidos pelo PSDB ao longo de mais de 30 anos de história, reconhece as dificuldades para a renovação e, como consequência, é inevitável o definhamento.

‘’Sempre tivemos vários problemas, mas tínhamos quadros. Qualquer que fosse o analista que estudava a política brasileira, no mínimo falava que o PSDB tinha os melhores economistas e sociólogos. Essas lideranças eram muito fortes e são difíceis de serem substituídas, mas está acontecendo’’, expõe Tasso, ao falar, ainda, que, historicamente o PSDB teve sempre bons quadros e governantes que se destacaram nacionalmente.

‘’A qualidade se transformou em quantidade. Mas, se pedir para apontar dez dos melhores governadores do Brasil, em qualidade, com certeza três são do PSDB. Raquel (Lyra), Eduardo (Leite) e Eduardo Riedel são de excepcional qualidade. Não temos muitos deputados nem muitos senadores, mas começamos a ter uma renovação’’, diagnostica Tasso Jereissati, ao enaltecer o trabalho do atual presidente nacional Marconi Perillo.

VOTO EM LULA, SEM ARRREPENDIMENTO

O ex-senador Tasso Jereissati, ao ser questionado sobre o apoio ao então candidato Lula, em 2022, afirma não se arrepender do voto, reafirma a sua crítica à linha de atuação do então Governo Bolsonoro, que, em seu entender, era uma ameaça grave à democracia.

‘’Não me arrependo de maneira alguma. Agora está sendo provado que o grupo e as atitudes do governo anterior eram de extremo risco para a democracia’’, afirma o tucano, para, em seguida, acrescentar: ‘’Nós do PSDB nascemos na ideia da defesa da democracia. Quase todos os fundadores vieram de um partido que fazia uma enfática oposição ao sistema militar. O Bolsonaro era uma ameaça grave’’.

CRÍTICA AO GOVERNO LULA

Embora diga que não se arrepende no voto em Lula, Tasso não esconde a frustração com determinadas ações e atos do Governo petista.


‘’Não concordamos com muitas das ideias do governo que está aí. Com muita tristeza, eu vejo o presidente Lula, que na minha opinião é um democrata de raiz, com o pendor e uma certa atração por governos autoritários’’, disse Tasso, que, ainda, observa: ‘’ É extremamente preocupante e triste, porque se afasta da defesa da democracia. É na Venezuela, na Guatemala, no Putin (na Rússia). Em alguns pontos da política econômica’’.

LEIA MAIS